domingo, 20 de dezembro de 2015

Eu Sei


Não sou cega. Nem surda. Tampouco, muda. Mas finjamos que sim. 
Eu vejo. Percebo. Ouço bem e atentamente. Mas me calo. 
É seguro. Acredite. Me finjo de boba mas deixe assim. 
Eu sinto. Mas é diferente. Diferente de você. Diferente desses todos. 
Ah, todos. Que droga de todos. Que tormenta esses todos. Só calem a boca. Só não opinem. Silêncio. Por favor. Estou pensando. 
Eu peço, não toque. Não se aproxime, só vai piorar. Me deixe. 
Eu sei. Eu sei e isso me assombra. Pois de você eu sei. Só não sei de mim. 
Talvez eu seja a trapaceira, que só mente. Ou só alguém que não sabe o que está fazendo. 
Eu não sei. Eu não sei o que é isso ou o que será. Eu só sei que é assim agora. 
Desculpe se era segredo, mas eu sei. Desculpe. Eu sinto muito. 
E por saber é melhor eu ir agora, não é certo continuar. Mas eu também não quero ir. Eu só quero me acalmar. 
Eu não consigo. Você sim. 
Porque você tem toda a certeza que eu não consigo ter. 
E isso é tudo o que eu sei.
Eu sei como você se sente sobre isso. Só eu que não. Então deixa eu pensar. 
Deixa passar. Deixa correr. Deixa caminhar. Deixa se arrastar. 
Nesse exato momento, não vejo solução alguma. Está apenas um pensamento psicodélico e nauseante. 
Mas eu sei que isso vai passar. Então só deixa 



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