Sinto sua falta como em
uma fotografia antiga.
Se eu esticar bem o braço
e fechar os olhos, posso alcançar aqueles sentimentos que um dia foram tão
intensos que chegava a doer no fundo do peito, mas que agora permanecem
enterrados como uma mera lembrança. Em minha mente, você cheira a nostalgia e o
perfume que costumava grudar em minha camisa.
Sinto sua falta naquelas
noites em que me sinto sozinho, mas depois me lembro de que, um dia, você foi a
maior causa de minha solidão. E insegurança.
Com você aprendi que
posso sentir raiva; raiva genuína, que pulsa e que rasga a garganta com gritos
de frustração. Aprendi que posso sentir uma dor que me faz chorar até os olhos
quase fecharem de tão inchados; dor que dilacera e queima, que se tivesse uma
cor seria vermelha e que faz acreditar que nada vai ficar bem novamente.
Entretanto, também aprendi que posso perdoar.
Com você, infelizmente,
perdi minha ingenuidade, mas você foi apenas um termo nessa equação. Aconteceu
com você antes, com outra pessoa. E provavelmente aconteceu com outra pessoa,
dessa vez comigo, por minha causa. Ou então, vai acontecer. E vai ser um grande
desastre com dor, raiva, lágrimas, olhos inchados... E perdão. E o sentimento
de que estamos vivos. No fim desse grande ciclo vicioso em que alguém sempre
acaba machucando outro alguém, as coisas, inacreditavelmente, terminam bem –
apesar de antes parecer que não.
Com você, felizmente, eu
aprendi a amar. E talvez um dia eu tenha pensado que foi azar que tenha sido
com você. E talvez tenha horas em que eu sinta sua falta. Mas aprendi que às vezes
sentimos falta de coisas que não precisamos.
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