O vento batia forte contra
o meu rosto. Era como se o carro corresse em direção ao vento e o vento em
direção ao carro; só escutava o seu grito em meu ouvido ao se chocar conosco e o
arrastar dos pneus no asfalto. Além disso, apenas uma música baixa que tocava
no rádio.
Não tínhamos nenhum destino
em mente. “Leve-me para qualquer lugar”, eu supliquei enquanto o céu escurecia
cada vez mais. Seguíamos a luz de nosso próprio farol, rumando ao nada,
traçando uma trilha para lugar nenhum.
Estava tão feliz que foi
como se me sentisse vazia. Não havia mais sentimento algum que me preenchesse –
sentia-me vazia por não poder imaginar qualquer outro momento em que eu possa
me sentir feliz assim de novo.
“Eu poderia morrer agora”,
pensei.
Não tinha medo de que acabasse,
apenas medo de que isso não se repetisse. Não seria triste, ou trágico; encontraria
um sentido para a morte e um final feliz para o momento. Um final digno,
porque, ao contrário dos filmes, a vida continua após a última cena. E só nos
decepciona cada vez mais.
Sentia-me vazia, mas viva.
Não estava com medo. Eu poderia simplesmente morrer e eternizar aquele momento.
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