domingo, 20 de setembro de 2015

Distopia

Sentimentos guardados, esquecidos ou abominados. As vezes, exterminados. Um perigo, uma ameaça, um martírio. Isso não há problemas em eliminar. Tira-nos o peso das costas.  
Curso de ruas feitos para carros, motocicletas, bicicletas e pessoas; na contra mão ninguém anda mais. Isso até soa legal.  
Tudo o que um dia foi temido, some em meio a redes; capturados e desfigurados, os medos nos deixam. E outros chegam. Diferentes. Metamorfoseados. 
Há a calmaria eterna e onipresente. Como andar por uma praia deserta às quatro da tarde; com o mar tranquilo e a brisa leve batendo no rosto. Seus pés afundam levemente na areia e você anda devagar.  
Talvez haja um governo opressor sobre você, ou uma sociedade inteira ou absolutamente ninguém.  
Talvez uma epidemia, um ataque, uma Guerra, um poder maior, ou só você.  
Sem liberdade ou vontade própria. Observados e controlados. Submissão, frio e silêncio. Não ouse fazer um ruído.   
Ou simplesmente deixados a esmo. 
Livres de tudo o que nos faz seres humanos.   
O rebu interno que nos droga. 
A claridade escurecida, não é?   
E não importa o quão estranho e temível possa se achar, é cômico na verdade.  
Tememos o futuro quando devíamos rezar por ele.  
Sei que muitos já sabem, talvez alguns  um tanto erroneamente mas sabem, que a tal distopia já está bem aqui.   
Não são necessárias mais bombas, mais epidemias e mais guerras para fazê-los entender, é?  
Já estamos corrompidos o bastante e não é nossa culpa, assim como é completamente.  
Nossa realidade? Nosso futuro distópico. Nossa vida, nosso mundo, nossos corpos e nossas mentes.  
As definições estão certas, a distopia é sim intimamente ligada com o hoje. O hoje é o futuro. O hoje é a distopia, assim como foi há 20, 50, 100 anos atrás. E olhe o quanto evoluímos assim como retrocedemos. 
Se estamos caminhando para o fim dos tempos ou se nascemos por algum motivo realmente, não posso afirmar com certeza mas que apenas continuar vivendo e dançando conforme a música, criando novos passos de vez em quando, é uma boa ideia, é sim. 
Aqui e agora, respirando o ar impuro e andando por solos rígidos. Seguindo.  
Mas se quer saber, fim dos tempos todos temos, então que tal simplesmente parar de chorar as dores de uma possibilidade e rir da situação? 


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