De quando tinha prova no dia seguinte.
De quando ficou se distraindo para não ir estudar.
De quando ignorou o aviso da mãe.
De quando saiu escondido.
Lembre-se, Lembre-se
De quando se apaixonou na esquina de casa e de novo no ônibus.
De quando sufocou as lagrimas, não podendo falar o que sentia. Achando que era o mais importante no que se preocupar.
De quando não soube o que dizer mas disse mesmo assim e deu tão certo que seu coração bateu mais forte. Ou tão errado que se esmagou.
De quando ficou acordado até tarde conversando com aquela pessoa. De como foi tão surreal que achou que estivesse sonhando. Quando devia acordar cedo no dia seguinte.
Lembre-se de não se preocupar. Nada de importante realmente importava.
Lembre-se, Lembre-se
De uma música em particular. Da dança que inventou. Das pessoas com quem dançava.
Do modo que enxergava. E de como achou que ia enxergar para sempre.
Do jeito que agia. Mas só até o final da estação.
De como pensava. De como crescer era bom.
Mas, por favor, lembre-se
Do que você pensava que não faltava.
Da boneca loira. Do giz branco no chão da rua. Das bolas velhas e surradas .Do joelho ralado e da mão suja de terra. Do suor na nuca.
Do silencio ocupado pelos amigos gritando. Seu próprio grito.
Do chinelo arrebentado. Do pneu da bicicleta furado.
Da avó brigando. E dos vizinhos também.
Lembre-se da sensação de liberdade que você achava não ter.
Do sorriso puramente feliz. Do dente faltando. Dos olhos arregalados, nunca fechados.
Das festas temáticas e dos pedaços de bolo.
Dos balões que tinha pavor que estourassem, por medo do barulho.
De quando o tempo não passava.
De quando não sabia absolutamente nada mas ainda sim era a pessoa mais sabia do mundo.
Lembre-se, continue se lembrando.
Quando não houver nem infância ou juventude.
Quando não houver mais universo nos olhos, nem sonho ou brilho.
Quando a fantasia for embora. E a luz também.
Quando o que sobrar for real demais para ser verdade. Preto e branco demais para se dançar enquanto espera. E complexo e difícil demais para entender.
Apenas se aceitar.
Lembre-se como se tivesse sido ontem.
Lembre-se enquanto ainda se consegue viver a mesma lembrança. De novo e de novo.
Só tente não se lembrar do que isso se tornou agora.

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