domingo, 3 de maio de 2015

O que realmente quero

As ondas quebram nas rochas trazendo consigo o vento com cheiro de mar. Não preciso olhar para baixo para saber com que violência a água bate e volta; não preciso olhar para saber como meu corpo seria estraçalhado caso eu me jogasse dali de cima.
Quero desistir de tudo. Quero ser egoísta o suficiente para conseguir deixar aqueles que se importam, e que se sentiriam culpados por não serem motivo o suficiente para continuar tentando, para trás.
Mas acima de tudo, quero ser egoísta por mim, percebo.
Quando o vento sopra mais forte, abro os olhos porque não consigo mais suportar ouvir o som do mar e não poder vê-lo. É quase como se ele estivesse vindo me buscar, sem desacelerar, sem hesitar ao se aproximar das rochas.
Mas eu hesito, assustada. Fecho os braços, enquanto recuo alguns passos.
Ainda quero ver o mar, penso. Ainda quero sentir esse cheiro. Quero sorrir mais, amar mais. Quero viver mais. Quero acumular memórias boas para ficar relembrando antes de dormir, enquanto o sono não chega. Quero sentir falta, e saber que poderei matar essa saudade em breve. Quero mais abraços. Quero ter pelo o que acordar amanhã, quero ter expectativas. Quero tentar mais uma vez.
Quero me dar mais uma chance.


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