As ondas quebram nas rochas trazendo consigo o vento com
cheiro de mar. Não preciso olhar para baixo para saber com que violência a água
bate e volta; não preciso olhar para saber como meu corpo seria estraçalhado
caso eu me jogasse dali de cima.
Quero desistir de tudo. Quero ser egoísta o suficiente para
conseguir deixar aqueles que se importam, e que se sentiriam culpados por não
serem motivo o suficiente para continuar tentando, para trás.
Mas acima de tudo, quero ser egoísta por mim, percebo.
Quando o vento sopra mais forte, abro os olhos porque não
consigo mais suportar ouvir o som do mar e não poder vê-lo. É quase como se ele
estivesse vindo me buscar, sem desacelerar, sem hesitar ao se aproximar das
rochas.
Mas eu hesito, assustada. Fecho os braços, enquanto recuo
alguns passos.
Ainda quero ver o mar, penso. Ainda quero sentir esse
cheiro. Quero sorrir mais, amar mais. Quero viver mais. Quero acumular memórias
boas para ficar relembrando antes de dormir, enquanto o sono não chega. Quero
sentir falta, e saber que poderei matar essa saudade em breve. Quero mais
abraços. Quero ter pelo o que acordar amanhã, quero ter expectativas. Quero
tentar mais uma vez.
Quero me dar mais uma chance.

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