Virava o rosto. Fingia não me importar.
Não esperava. Não de verdade.
Deixava acontecer.
Fechava os olhos. Ainda fecho.
Deixo ir . Deixo levar. Deixo estar.
Espero. Já não esperando. Porém já sentindo.
As vezes dá certo.
Aguardo, já desviando a atenção. Tiro da cabeça.
Não seguro o pensamento.
Deixo ir.
Prossigo, sem me concentrar.
Me deixe deixar.
Não quero me decepcionar.
Sem sofrimento profundo.
Sem grande susto.
Sem grande desilusão.
Vou murchar, porém mais levemente..
Ando e espero que venha. Espero em movimento.
Espero não esperando. Espero indo em frente.
Alguma hora virá até mim.
Se chocar contra mim.
Isso me causará felicidade ou tristeza?
Me firmará no chão ou desequilibrará?
Não sei, por isso não espero.
Talvez um pouco.
Um pouco pior.
Um pouco muito pior.
Assim não caio.
Ou não caio da alto.
Caio do primeiro degrau.
Aquele tal que morre por último.
O mínimo. O sem importância. O fundamental.
Caio dele pois não tem lugar mais baixo de onde se cair.
Para cima as quedas só assustam e machucam mais.
É uma longa queda.
Mesmo nesse primeiro degrau.
Ele me força pelo menos a imaginar como seria bom o sorriso, o alívio.
Ele me força a ter a pequena expectativa.
Sem nem eu perceber, ele me força.
E não é tão ruim. É necessário.
Quero me permitir pensar assim.
E consigo, por um momento.
Me convence um pouco que, realmente, pode dar certo.
Enquanto eu já perco ele; me sinto desequilibrar antes da hora.
Já sinto a decepção.
E eu me forço a convencer de que ele não é alto.
Que o pior já era esperado.
Que não machucou tanto.
E ele continua a me aquecer, com o sonho do que pode acontecer de bom.
Espero no degrau da mais baixa esperança.
Esperando nada.
Rezando por tudo.
Quase sem perceber.
Nele espero.

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