domingo, 16 de agosto de 2015

O impulso de sofrer

Autxr convidadx: Rai

O sino toca novamente, mais uma tarde ao seu fim
A noite, não mais acolhedora, agora me engole de forma hostil
O café esfria, os ponteiros do relógio continuam a bater
Dez horas da noite, mas parece que são duas da manhã
O silêncio preenchido pela dor, ninguém em casa,
O ventilador girando, a geladeira gelando
Vagando pelo apartamento tento me distrair,
Encontrar algo para fazer, porém nada me chama a atenção
Nem a música que antes era meu único consolo e fuga
Nem os livros que me levavam para outra dimensão
Não importa o que eu faça ou deixe de fazer,
Minha mente não permite que eu pare de pensar nela
É doentio, assustador e ao mesmo tempo prazeroso
Vê-la na minha frente, tocá-la, beijá-la
A crueldade da imaginação: remoer o passado, planejar o utópico,
Tentar curar-se com momentos que não acontecerão
É um vício, e como a maioria dos viciados, encontro-me perdido
Amanhã será o mesmo,
O sino tocará e a hora do relógio não coincidirá com minha percepção de tempo
Serei ainda um perturbado, vagando pelo apartamento

Tentando encontrar uma saída naquilo que me faz mal

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